quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Autismo:5 questões

A Crescer entrevistou o professor de psicologia Thomas Whitman, da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, autor do livro recém-lançado “O Desenvolvimento do Autismo”. Segue a transcrição da entrevista:
Livro "O Desenvolvimento do Autismo", escrito por Thomas Whitman (Foto: Mbooks Assessoria ) 
Se o transtorno do espectro autista é um desafio para os médicos, o transtorno é ainda mais angustiante para os pais. Com o objetivo de oferecer uma compreensão melhor sobre o autismo para diferentes públicos, o professor de psicologia Thomas Whitman, da Universidade de Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, lançou o livro O Desenvolvimento do Autismo (Ed. M. Books, R$ 57,85). Em entrevista à CRESCER, o especialista falou sobre diagnóstico, papel dos pais no desenvolvimento da criança e cura.

CRESCER: Há sinais claros de que a criança possa fazer parte do transtorno do espectro autista? Quais seriam esses?

Thomas Whitman: O autismo é uma desordem de desenvolvimento, isto é, verifica-se ao longo do tempo. Por esta razão, manifesta-se de diferentes maneiras em diferentes idades. Por isso, a tarefa de diagnóstico é um desafio. No entanto, em geral, as crianças com autismo têm dificuldades socialmente em interagir com os outros, parecem menos interessadas nas pessoas ao seu redor e quando há alguma interação, muitas vezes, é estranha ou inadequada. Seus padrões de comportamento, em geral, são repetitivos, restrito e rígido. Devido às suas dificuldades sociais, as crianças têm problemas de aprendizagem em ambientes tradicionais.
CRESCER: Como o senhor pode explicar a importância do diagnóstico precoce para a vida da criança?
Thomas Whitman: Quanto mais cedo o diagnóstico é feito, os serviços de intervenção podem ser colocados em prática. Isso ajuda a reduzir a gravidade dos sintomas da criança e permite o desenvolvimento de forma mais natural. Se uma criança é diagnosticada tardiamente, programas de intervenção pode ter menos sucesso no tratamento.
CRESCER: Quais são os principais desafios que os pais de filhos autistas enfrentam?
Thomas Whitman: O autismo é geralmente reconhecido como sendo um distúrbio genético. Muitos fatores, como a idade dos pais, têm sido propostos como potenciais gatilhos, porque eles estão correlacionados com a incidência de autismo. No entanto, a correlação não necessariamente significa a causa. Fatores como agentes tóxicos em nosso solo, ar e água podem influenciar, por exemplo, no desenvolvimento cognitivo - no entanto, não há evidência convincente de que esses fatores provocam o distúrbio. Além disso, o mito de que as vacinas produzem autismo tem sido perpetuada pela falta de pesquisa científica, e as pessoas geralmente acreditam, já que o transtorno, às vezes, se manifesta logo após a aplicação. A comunidade médica recomenda que todas as crianças sejam vacinadas, a menos que exista uma razão incontestável para a não vacinação, como uma grave desordem do sistema imunológico da criança.
CRESCER: Há uma série de estudos que buscam entender o que “causaria” o autismo. Poluição, idade materna e paterna, vacinação, alimentação... Há algum indício consistente sobre o gatilho do transtorno?
Thomas Whitman: Em primeiro lugar, eles devem aprender tudo o que puderem sobre o autismo e entender que é uma condição ao longo da vida do filho. Em segundo lugar, devem aprender novas formas de educar e reconhecer que eles são os principais professores da criança. Por último, precisam recrutar todos os apoios sociais que podem para ajudá-los na criação, incluindo a assistência extrafamiliar e educacional.
CRESCER: Muito se fala sobre a cura do autismo. E há alguns estudos que trabalham para isso. Como o senhor vê essa possibilidade?
Thomas Whitman: O autismo é uma condição muito complexa. Eu não espero uma cura em breve. Uma cura primária implicará compreender mais sobre a base genética dessa condição e o papel dos genes específicos em seu desenvolvimento. Até então, temos de confiar em intervenções médicas e educacionais existentes e recentemente desenvolvidas.

entrevista retirada do site da Crescer

Nenhum comentário:

Postar um comentário