domingo, 13 de dezembro de 2015

Livro em quadrinhos que trata do lado engraçado do autismo é lançado em Florianópolis




Há cinco anos, Rodrigo Tramonte, 35, foi diagnosticado tardiamente com Síndrome de Asperger, um tipo de autismo de grau leve. Com facilidade no traço, ele trabalhou com publicidade, sendo cartoonista e caricaturista. Atualmente, ele trabalha em casa, focado nos cartoons, e nesta quinta-feira, ele realiza um sonho: lança seu primeiro livro em quadrinhos, o "Humor Azul, O Lado Engraçado do Autismo". O evento acontece às 19h30, no CIC (Centro Integrado de Cultura), em Florianópolis.
O livro tem o objetivo de auxiliar crianças e adultos autistas e pais e familiares de pessoas com essa síndrome. “O personagem principal, o Zé Azul, é abertamente autista. Algumas situações dele são autobiográficas, mas eu adaptei em forma de tirinha, e outras são histórias que ouço ou me contam via rede social em grupos e ONGs de autistas”, explica Tramonte, que também dá palestras sobre o tema.

O incentivo maior para fazer o livro focado no autismo veio de Andrea Monteiro, da ONG Projeto Autonomia, que Rodrigo faz parte. “Tenho certeza que o livro vai ajudar muitas idades, porque tem um humor parecido com os livros da Mafalda, Chaves, Calvin e Turma da Mônica, e o personagem principal é apaixonado por “Batman””, conta ele, um apaixonado também por desenhos animados antigos, como “Tom e Jerry” e a “Pantera Cor de Rosa”. O autor revela que dois personagens são inspirados em pessoas reais de sua vida: a sua mãe, que também é a mãe do Zé na obra, e Romeu, o melhor amigo de Zé, que é Romeu Martins, roteirista na vida real, e amigo de Tramonte.
“Eu uso o Zé Azul para mostrar a realidade do autista para ir ao médico, ao supermercado, por exemplo, por que ele tem uma visão muito sincera e direta das coisas, e por isso ele tem dificuldade em se adequar a algumas regras ocultas do convívio em sociedade”, explica Rodrigo, dando como exemplo ainda o problema que eles têm em olhar diretamente nos olhos das pessoas. Quando o autista foca em algo, é difícil tirar a atenção dele.
O trabalho criativo de Tramonte começou em janeiro de 2014. O livro tinha previsão de lançamento para metade deste ano, mas o desenhista também participa de outros projetos relacionados à síndrome. Tramonte revela ainda que a concentração no livro foi difícil, já que é da natureza do autista ter essa deficiência.

Durante o lançamento será feita a distribuição gratuita do livro, coquetel concedido pelo Outback Steakhouse, apoiador do projeto, show com o músico autista Milton Almeida, e a presença de diversos representantes de instituições pró-autismo, e de crianças e adultos autistas.

Sensíveis sim

O desenhista explica que cada autista é único. Nem todos terão as mesmas habilidades, como o caso dele, que é para o desenho. Outra característica do autista é a sensibilidade sensorial. Em Tramonte, os sons altos, ruídos, luzes e algumas dores são sentidas com maior intensidade. “Pessoas comuns conseguem filtrar os sons, os odores, mas o autista costuma receber tudo de uma vez, e por isso eles têm essa necessidade de isolamento. Às vezes eles vão em lugares públicos e ficam muito sobrecarregados e depois precisam se recarregar”, acrescenta ele.
Em torno da síndrome há diversos mitos, como o que dizem sobre o humor deles. “Cada autista é de um jeito. Muitos sabem rir, tem expressões faciais. Outros são mais bravos e tem essa dificuldade, que para maioria é complicado, de expressar sentimentos. Eles gostam mais de falar sobre coisas concretas”, diz Tramonte. As crianças, por exemplo, costumam se apegar a brinquedos, como trens e dinossauros, e ai falar. Elas dificilmente vão contar sobre o passeio no parque ou o dia na escola, segundo o desenhista.

Pode encontrar o Rodrigo aqui no facebook

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